Faço parte de algumas das menores minorias do mundo e começo a me revoltar com esta situação. Sou da minoria dos heterossexuais masculinos que admitem não entender de mecânica e também faço parte do grupo que confessa publicamente ter medo de barata. Odeio praia e sol, o que me inclui em outra minoria ainda menor. Integro ainda a minoria dos que afirmam na maior cara-de-pau nunca terem broxado, mas como é mentira, não sou grande ativista da causa, pois minha retórica não resistiria aos depoimentos de algumas ex-namoradas.
A verdade é que ninguém dá atenção para as minorias das quais faço parte. Como me recuso ou não posso entrar em outras minorias de maior expressão por motivos óbvios, vivo todos os dias os percalços da insignificância social. Até mesmo a minoria dos heterossexuais masculinos não se mexe para arrumar uma data significativa para celebrarmos a macheza. Cansado desta situação, resolvi criar dias e períodos comemorativos cujo único beneficiado será eu mesmo. Se os líderes das categorias não fazem por nós, eu faço por mim. Afinal, como disse alguém, “um homem é sempre uma minoria”.
25 de dezembro – Dia da tomação retal.
Nesta data eu posso mandar qualquer um tomar onde eu bem entender sem sofrer nenhum tipo de rechaço.
31 de dezembro – Dia da auto-introdução dos outros.
Aqui é um pouco diferente, neste dia eu posso mandar qualquer um fazer consigo mesmo o que geralmente faz com um parceiro do sexo oposto, ou não. Os ofendidos também não possuem direito de resposta.
5 de março – Dia internacional do meu órgão.
Neste feriado mundial (onde também é proibido deixar as cidades), qualquer mulher de qualquer parte do mundo está obrigada a aceitar cantadas, galanteios e rir sonoramente de piadas feitas pela minha pessoa.
12 de junho – Dia da agressão com taco de beisebol aos fanáticos.
Feriado pessoal em que eu posso bater em diversas categorias de fanáticos, sempre em constante catalogação e atualização. A preferência pelo taco de beisebol é algo antigo: desde o filme The Warriors (Os Selvagens da Noite) de 1979, sempre achei que umas porradas bem dadas deveriam envolver um taco de beisebol nas mãos do agressor.
Domingos – Dia da minha sagrada escolha.
Aos domingos, quando em pizzarias, todos que estiverem comigo devem se submeter aos sabores de pizza que eu escolher, sem aquelas longas discussões a respeito de tamanhos, quantidades e quais os sabores de cada metade.
Verão – Festival Urbano.
Época do ano na qual ninguém pode deixar as cidades em busca de praias, fazendas, passeios de barco ou para qualquer atividade que envolva esforço físico, exposição ao sol, “fuga do stress do dia-a-dia”, céu estrelado ou falta de luz elétrica.
Conforme a necessidade e de acordo com minha vontade, outras datas comemorativas e ocasiões especiais podem ser criadas. Sem mais para o momento, câmbio final.
postado
pelo Doda Vilhena. às 09:00 | link
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