Na semana passada uma ameaça de bomba fez o serviço secreto norte-americano entrar em polvorosa. Mais do que depressa levaram o presidente George W. Bush para um bunker. Lá ele ficou até que se descobriu que a ameaça era falsa. Algum desocupado pregou a maior peça no cara mais odiado do mundo.

Quando li essa notícia me veio à cabeça um monte de conjecturas. A principal era em relação ao que deveria haver no bunker presidencial. Com certeza tudo do bom e do melhor. Não só em relação a equipamentos de comunicação global como comidas e bebidas fartas.

Como o mundo tá maluco demais, decidi que vou ter o meu bunker para quando tudo for pelos ares. O primeiro desafio foi arranjar o local. Resolvi construí-lo em um terreno de família nos cafundós do Judas. No interior do interior do Pará, lá na Costa Maratauíra, mas precisamente na localidadeda Boca do Pai Pedro. Segundo o finado Colt Silvers, nem guerra nuclear nem ETs chegariam naquelas bandas, mas é melhor prevenir.

Lugar escolhido é hora de encher de suprimentos. Primeiramente bebida. Não vou poder estocar cerveja porque a energia será racionada, por isso só vai entrar destilada, além de água, é claro. Vodca, tequila e cachaça de Abaeté pra arrematar são as primeiras opções.

O que levar pra comer? Novamente não pode ser nada perecível ou que demande alguma espécie de cozimento. Enlatados é que não vão faltar. Adoro essas porcarias. Cheetos, doritos e baconzitos também. Tenho certeza que nem uma bomba de hidrogênio conseguiria estragar esses petiscos.

E para passar o tempo? Levaria um cd portátil, mas seria algo temporário já que tudo seria a base de pilha. Escutaria Chet Baker, The Hugh Grants, Ludwig Van, Nervoso, Norman Bates (tudo para não desagradar um amigo), Nina Simone, Suzana Flag, Mozart, Mary Fê, Lambadas Caribenhas, As Preferidas do RessacaMoral, entre outros. Caso o suicídio se mostre a melhor solução diante do holocausto, terei ao alcance da mão um cd do Jota Quest. Qualquer um deles é letal.

Para ler eu teria que ter umas bandas desenhadas do Manara, Crepax e Magnus, além da Playboy da Kátia Maranhão (ô, essa é das antigas). Tem horas que só a imaginação não basta. Quanto aos livros, levaria só clássicos. Vivo prometendo lê-los e, no juízo final, não teria desculpa para mais um adiamento. As exceções seriam o "Manual do Homem Solteiro", de Marcela Catunda e Gisela Rao (se der a sorte de sair de lá eu provavelmente serei o único solteiro num raio de quilômetros, quiçá da face da terra, e terei que saber como me portar) e "Como sobreviver a um holocausto apenas com a roupa do corpo e uma AR-15", obra magna do ídolo das multidões delegado Maria Bethânia, o Betão.

Além do básico como papel-higiênico, creme dental e outras cositas, com certeza me daria à liberdade de alguns luxos. A parede seria adornada com o mesmo quadro que enfeita meu quarto, o pôster do clássico do cinema nacional "Aluga-se Moças". Levaria uma rede de casal (pode ser que apareça uma sobrevivente), alguns maços de Camel, umas ervas naturais, tic-tac, camisinhas (pode realmente ser que apareça uma sobrevivente e não tô com saco para repovoar a terra), palavras cruzadas (Picolé), alvo para dardos, etc.

O objetivo, além de sobreviver, é garantir um pouquinho de diversão. E você, leitor do RessacaMoral, o que levaria para seu bunker individual no dia do juízo final?

postado pelo Anônimo às 19:03 | link